A recente condenação dos ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, assassinos confessos da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, representa uma vitória significativa para uma sociedade brasileira traumatizada por crimes políticos e cansada de esperar por justiça. Em um caso que ainda deixa a desejar pela falta de punição dos mandantes, a decisão marca um passo importante contra a impunidade que, infelizmente, é comum em casos semelhantes de violência política no país.

O Tribunal do Júri sentenciou Ronnie Lessa a 78 anos e Élcio Queiroz a 59 anos de prisão. A condenação destes ex-PMs, ainda que esperada devido à confissão, é apenas uma etapa em uma trama maior e mais complexa, que ainda precisa responsabilizar figuras poderosas. Os irmãos Chiquinho Brazão, deputado federal, e Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, são apontados como mandantes do crime e devem enfrentar julgamento em breve, ao lado de outros envolvidos, como o delegado Rivaldo Barbosa, o ex-PM Robson Calixto e o major Ronald Paulo de Alves Pereira.

A morte brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018 gerou indignação em um país dividido politicamente, amplificando teorias conspiratórias e dificultando o processo investigativo. A determinação para esclarecer o crime encontrou, em muitos momentos, obstáculos dentro do próprio sistema, com membros da polícia do Rio sendo acusados de tentar sabotar as investigações. Contudo, a conclusão deste capítulo do caso traz à tona a força da pressão popular e o impacto do esforço contínuo para que a justiça seja feita.

Segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil, do Grupo de Investigação Eleitoral (Giel) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), foram registrados 49 assassinatos de políticos ou familiares no primeiro semestre de 2024, espalhados por 17 estados brasileiros. Em um relatório similar realizado entre 2018 e 2020 pelo jornal O Globo, foram listados 23 assassinatos de políticos no Rio de Janeiro, com mais da metade dos casos arquivados sem solução.

O julgamento dos assassinos de Marielle Franco, portanto, serve como um marco para a sociedade, desafiando a realidade da impunidade em crimes políticos e oferecendo um possível novo caminho. É um lembrete de que o Estado deve ser capaz de enfrentar e punir aqueles que se beneficiam de suas conexões com o poder para cometer atrocidades. Que a justiça para Marielle seja o ponto de partida para uma transformação duradoura no combate à violência política no Brasil.

Este artigo é baseado em informações de O Globo e UniRio – Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil.

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